Hoje em dia, ferramentas como o ChatGPT podem criar dietas em segundos. No entanto, médico alerta para riscos de dietas feitas por IA e explica importância de individualizar planos nutricionais
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Seja para emagrecimento ou para ganho de peso, seguir uma dieta correta e praticar exercícios físicos são ações necessárias para quem quer alcançar determinado objetivo de saúde e/ou estético. Porém, é importante entender que cada pessoa responde de maneira diferente a diferentes planos alimentares, e, portanto, é preciso observar caso a caso antes de dar início a uma dieta.
Atualmente, com a existência de ferramentas de inteligência artificial, é possível montar um plano nutricional em segundos. No entanto, criá-lo por meio de plataformas como o ChatGPT pode ser arriscado, além de ineficiente.
“Hoje, no ChatGPT, você consegue montar uma dieta de acordo com o número de calorias; a quantidade de proteína, de carboidrato, de gordura; e os horários. O grande problema é que a ferramenta não olha de volta para a pessoa. O ChatGPT se baseia em uma média de estudos, que por sua vez têm uma altíssima variabilidade de respostas. É uma dieta literalmente robotizada que não leva em consideração nenhuma das nuances da pessoa”, explica o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani.
Legenda: Flavio Cadegiani |
Pesquisas
Um artigo publicado em outubro de 2020 pela editora científica holandesa Elsevier pontuou que existem diferentes fatores associados à capacidade de perda de peso: adesão à dieta, atividade física, sexo, idade e medicamentos específicos. No entanto, o estudo mostrou que mesmo após o controle de cada um destes fatores, as diferenças na perda de peso persistiram, em resposta a intervenções comportamentais, farmacológicas e cirúrgicas.
Outra pesquisa, de julho de 2021, publicada pela editora de pesquisa Frontiers, avaliou os efeitos de 12 semanas de treino de alta intensidade e dieta em 30 mulheres com sobrepeso/obesas.
O treino adicionado a uma leve restrição energética na dieta melhorou efetivamente a massa gorda, a massa corporal, a pressão arterial e a aptidão cardiorrespiratória do grupo. No entanto, a pesquisa ressaltou que uma ampla gama de variabilidade interindividual foi observada na resposta adaptativa à intervenção. Além disso, os pesquisadores concluíram que as mulheres classificadas com baixa resposta à redução da massa gorda “poderiam ter alta resposta em muitos outros resultados relacionados à saúde e ao desempenho físico”.
Fatores que devem ser considerados
Conforme o endocrinologista Flavio Cadegiani, a prescrição do programa alimentar deve levar em consideração fatores como os objetivos do paciente; seu histórico de saúde; intolerâncias, alergias e preferências; rotina e tempo.
“Não podemos esperar que o paciente responderá de determinada forma a uma dieta. Temos que avaliar como esse paciente vai responder. Então, acabou a era de achar que a pessoa vai perder 7kg porque deu um determinado déficit calórico. A gente vai aprendendo com a própria pessoa como ela responde melhor”, enfatiza o médico.
Além de tudo, é preciso prescrever um plano ao qual o paciente conseguirá aderir. “Cada pessoa tem maior chance de aderência para um tipo de dieta diferente. Então, o ideal é que nutricionistas e médicos trabalhem com uma consultoria individualizada, acompanhando os passos do paciente e entendendo que esse paciente também terá mudança de resposta ao longo do tempo para uma mesma dieta”, conclui Cadegiani.